Rui é "coordenador" de call center. Uma das atribuições precípuas inerente a este cargo é parecer sempre ocupado dando a falsa impressão de que tudo está sob controle. Fora isso, é incentivar a aplicação de sanções e JC preferivelmente. Nada mais. Para dar conta de tão complexas atividades exige-se do "profissional" sólida formação em faculdades de fundo de quintal. Ele vai provar que o ambiente de trabalho nesta empresa não é estressante ou quase insano. Melhor dizendo, incoordenável. Não só vai colocar a esposa mas também a própria mãe no atendimento por, pelo menos, uma semana. A proposta é válida para os puxa-sacos igualmente. O desafio é fácil e vai mostrar que críticas são manifestações imotivadas feitas por intrigueiros de plantão. Ambas serão submetidas às mesmas condições de pressão e temperatura tanto quanto os demais funcionários. Nesta hora, deve reinar um permanente clima euforia. Para manter aceso o espírito de união e de coleguismo podem participar de sexo em grupo. Afinal, são todos uma equipe. De início, farão um treinamento pífio e não apostilado. Uma vez na linha, receberão o exclusivo headset Unixtron, comprado na feira do rolo ao custo de hum real o milheiro. Se tiverem sorte, receberão algum apoio caso surjam dificuldades. Ele mesmo vai destacar um supervisor telerosca qualquer para ficar monitorando índices de performance e outros indicadores inúteis. Vai escolher a dedo alguém da "qualidade" para aferir cada ligação. Uma após a outra. O propósito é exercitar a pressão psicológica que é parte integrante do esquema sádico típico de telecentros. Ao menor sinal de contrariedade, um superimbecil ficará à disposição para dar um incentivo muito conveniente: "se não estiverem satisfeitas, procurem outro lugar". A cada cinco minutos serão alertadas, aos gritos, por comandos do tipo: "agilizem o atendimento" e " segurem as pausas". Isto, além de interferir na concentração e prejudicar o bom atendimento, dará a sensação de estarem trabalhando, não em Contact Center, mas num mercado de peixes. Ou no circo, sabe-se lá. E, se algum cliente malcriado, pervertido ou amaconhado percebendo a incapacidade técnica de ambas, e daí, resolvendo chamá-las de feladapus estarão orientadas a não se abalarem. Deverão sim, replicar amavelmente ao cliente o seguinte refrão: " A Claro agradece o seu contato". Mas se preferirem, poderão optar por um script mais pessoal e verdadeiro como por exemplo: " Sim, senhor, somos tudo isso que disse e um pouco mais. Não faz ideia. Vou estar lhe tranferindo sua ligação para a pesquisa de opinião. Algo mais que posso ajudar? " Finalizado o desafio sem que tivessem tirado uma única pausa-ambulatório, vão relatar sobre a gratificante experiência.
Lembrando: os gastos com transporte não serão reembolsados.
Mijo na sua cabeça, cidadão. O recado está dado.
No local onde funcionava anteriormente uma conhecida fábrica de batatas fritas instalou-se uma Central de Teleatendimento. Mudou-se apenas o cenário de um negócio por outro e, desde então, nada mais se produziu além de toneladas de insatisfação a granel. Saiba por que a cada teleoperador contratado por esta empresa seis decidem pedir as contas antes mesmo de completar o primeiro mês de experiência. A estimativa pode parecer impossível ou descabida mas, está bem próxima da mais pura realidade.
Muito obrigada... esta semana fui contratada pela SP Com e bom, achei ótimo porque minha intenção é conciliar a fim de resolver minha vida financeira definitivamente. Saber que a empresa além de pagar mal, não paga, foi ótimo. Você me salvou de enfiar o pé na lama. Segunda-feira vou buscar meus documentos. Obrigada mesmo!
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