quinta-feira, 6 de janeiro de 2011

CENAS QUE GOSTARIAMOS DE VER

Rui é "coordenador" de call center. Uma das atribuições precípuas inerente a este cargo é parecer sempre ocupado dando a falsa impressão de que tudo está sob controle. Fora isso, é incentivar a aplicação de sanções e JC preferivelmente.  Nada mais. Para dar conta de tão complexas atividades  exige-se do "profissional" sólida formação em faculdades de fundo de quintal. Ele vai provar que o ambiente de trabalho nesta empresa não é estressante ou quase insano. Melhor dizendo, incoordenável. Não só vai colocar a esposa mas também a própria mãe no atendimento por, pelo menos, uma semana. A proposta é válida para  os puxa-sacos igualmente.  O desafio é fácil e vai mostrar que críticas são manifestações imotivadas feitas por intrigueiros de plantão.  Ambas serão submetidas às mesmas condições de pressão e temperatura tanto quanto os demais funcionários.  Nesta hora, deve reinar um permanente clima euforia. Para manter aceso o espírito de  união e  de coleguismo  podem participar de sexo em grupo.  Afinal, são todos uma  equipe. De início,  farão um treinamento pífio e não apostilado. Uma vez na linha, receberão o exclusivo headset Unixtron, comprado na feira do rolo ao custo de hum real o milheiro. Se tiverem sorte, receberão algum apoio caso surjam dificuldades. Ele mesmo vai destacar um supervisor telerosca qualquer para ficar monitorando índices de performance e outros indicadores inúteis. Vai escolher a dedo alguém da "qualidade" para aferir cada ligação. Uma após a outra. O propósito é exercitar a pressão psicológica que é parte integrante do esquema sádico típico de telecentros. Ao menor sinal de contrariedade, um superimbecil ficará à disposição para dar um incentivo muito conveniente: "se não estiverem satisfeitas, procurem outro lugar".  A cada cinco minutos serão alertadas, aos gritos, por comandos do tipo: "agilizem o atendimento" e " segurem as pausas". Isto, além de interferir na concentração e prejudicar o bom atendimento, dará a sensação de estarem trabalhando, não em Contact Center, mas num mercado de peixes. Ou no circo, sabe-se lá. E, se algum cliente malcriado, pervertido ou amaconhado percebendo a incapacidade técnica de ambas, e daí, resolvendo chamá-las de feladapus estarão orientadas  a não se abalarem. Deverão sim, replicar amavelmente ao cliente o seguinte refrão:  " A Claro agradece o seu contato".  Mas se preferirem, poderão optar por um script mais pessoal e verdadeiro como por exemplo:  " Sim, senhor, somos tudo isso que disse e um pouco mais. Não faz ideia.  Vou estar lhe  tranferindo sua ligação para a pesquisa de opinião. Algo mais que posso ajudar? " Finalizado o desafio sem que tivessem tirado uma única pausa-ambulatório, vão relatar sobre a gratificante experiência.
Lembrando:  os gastos com transporte não serão reembolsados.


Mijo na sua cabeça, cidadão. O recado está dado.

Um comentário:

  1. Muito obrigada... esta semana fui contratada pela SP Com e bom, achei ótimo porque minha intenção é conciliar a fim de resolver minha vida financeira definitivamente. Saber que a empresa além de pagar mal, não paga, foi ótimo. Você me salvou de enfiar o pé na lama. Segunda-feira vou buscar meus documentos. Obrigada mesmo!

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